sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O olhar antropológico de Eduardo Quintana no Memorial do Rio Grande do Sul



A exposição fotográfica Rostros e Identidades fica à disposição do público no Espaço Térreo do Memorial RS até 11 de novembro.


“Fotografar é compreender os seres humanos, apresentar denúncias e testemunhos, construir identidades individuais e coletivas”. Esses são os princípios defendidos pelo fotógrafo equatoriano Eduardo Quintana na exposição Rostros e Identidades, promovida pelo Ministério da Cultura da República do Equador e Consulado do Equador em Porto Alegre.

As 38 fotos que compõem a exposição estão divididas em três séries: Equador Tierradentro, Solidão Urbana, Semana Santa. Quintana selecionou as imagens pelas quais tem mais apreço em sua trajetória profissional. Para ele, o importante é o olhar antropológico, aquele que ultrapassa a mecânica da máquina e busca entender as histórias de vida. “Como um cronista, procuro combater o tempo e o esquecimento. O fotógrafo é um criador de memórias”, explica. “A câmera nada mais é do que a extensão do nosso próprio corpo, das nossas pupilas, da nossa sensibilidade”, completa o expositor.

Os temas predominantes em suas fotografias são os índios, as crianças e a religião. Quintana fez retratos de pessoas simples, em momentos também singelos, porém com expressões que inquietam, questionam e emocionam. Quase todas as imagens foram captadas com câmera analógica. O fotógrafo reconhece o poder das novas tecnologias, contudo, enfatiza o quanto tais mecanismos não substituem “o afeto e as lembranças dos cheiros do quarto escuro onde me sentia mais artesão, mais padeiro, carpinteiro, ferreiro e jardineiro, em definitivo, mais ‘fotero’”. 

“Fotero” foi o termo que Eduardo Quintana criou para designar a relação amistosa entre fotógrafo, câmera e sujeito fotografado. Ele lembra que não podem faltar ética, respeito, empatia e comunicação ao longo do processo fotográfico. “A obra fotográfica deve ser solidária e transparente”, aconselha. Além disso, a estética precisa ser levada em consideração. Segundo o equatoriano, é necessário usar estratégias para compor a caligrafia da luz e esperar o momento decisivo até apertar o botão de disparo. “Quem manda na foto é a pessoa, é ela quem emprega personalidade ao trabalho.” 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...